PREFÁCIO

 

A minha melhor poesia é aquela que nunca escrevi

e que talvez nunca escreverei...

Morrerá improfícua...

Como uma lágrima seca... dentro de mim.


                                                                De Hyppólito

 

quinta-feira, 5 de junho de 2008

O Homem à Beira do Cais



Homem...! Passaste a vida à beira do cais.
Só! Permaneceste no porto, e teus olhos banais,
A contemplarem idas e vindas, tornaram-se tristes,
Pois tu nunca ficaste...Pois tu nunca partiste...

Só! À beira do cais do porto ficaste a indagar:
Pelos mistérios que as procelas guardariam neste mar;
Quantos naufrágios, quantos mastros tombados,
Quantos ideais, quanta esperança, sob a água, sepultados?

Homem...! O que fazes à beira do cais do porto...?
Atracado em ti mesmo, ancorado em um sonho morto?
Este mar que te atrai é o mesmo que te apavora,
É o mesmo que te deixa aqui, é o mesmo que te leva embora.

Homem...! Que náufrago tornaste de ti mesmo,
Que agora vaga à beira do cais, triste e a esmo.
Por que, os segredos do mar, a perscrutar insistes?
Por que não partes? Por que não ficas? Por que desistes..?

Homem...! Um mar limpo e calmo, navegar, tu sonhas
(E um oceano dentro de ti em convulsões medonhas...)
Queres as fronteiras da imensidão azul, ultrapassar...
E o medo dentro de ti, no porto, a te atracar...

Homem...! Que passaste a vida com receios banais,
Antes a fúria das águas do que o tédio no cais.
O tempo passou e à beira do porto findastes.
Pois tu nunca partiste...Pois tu nunca ficaste...