À minha mãe “muito doente”
Ao meu pai “cheio de fé”
Poema escrito em 2002
O cenário perfeito... uma casa... um jardim...
Em uma praça calma. A
paz... enfim...
Sentada em sua
cadeira, rodeada de afetos,
Poderás, feliz,
receber teus netos.
As mágoas foram
esquecidas, feridas, cicatrizadas.
Os rancores diluídos,
as dores estancadas.
De más recordações
não mais se fala,
A incerteza do futuro
nada mais abala.
Mas o destino... que
sempre brinca com o imponderável,
No cenário perfeito,
coloca um intruso... irremediável.
A paz torna-se,
então, apática... Seus olhos se fixam no nada.
Teu corpo cede...
Pressentindo, talvez, o fim da estrada...
E ele, “Dom Quixote”,
visionário... cheio de esperança,
Avança contra os
moinhos de vento, e com sua lança
Abate o gigantesco
monstro que te devora...
Ele crê...! E como
essa crença me apavora...
A muito perdi a fé e
pela descrença fui derrotado.
Eu já sonhei assim e
queria poder estar ao seu lado,
Empunhando a lança...
a esperança... com a fé em riste.
Mas sou apenas um
cavaleiro miserável e triste...
Queria algo poder
fazer, em vão tento me esforçar,
Mas, só tenho caudais
de lágrimas no olhar.
Contemplo, inerte, a
dor deste entardecer,
E nesse instante
começo a envelhecer...