Sentado à mesa,
observo meu filho no tapete a brincar,
Deixo-me um pouco...
e a ele volto minha atenção.
Há nas mãozinhas
dele, dois bonecos...
Um é o bom... Outro é
o mau...
Na sua concepção
infantil, não existe o meio-termo,
Um representa o
“Bem”, que há de sempre triunfar...
Outro representa o “Mal”,
que sempre perderá...
Ele sempre me
convida, para da brincadeira participar...
Sempre digo que não
posso... Que tenho outros afazeres...
Mentira torpe e
deslavada...!
A verdade é que não
acredito mais em heróis que fazem o bem triunfar...
Acredito mais nos vilões
que armam ciladas... emboscadas...
Nos “Dragões do Mal”
que sempre destroem com seu fogo, nossos castelos...
Na eficiência dos
estrategistas hediondos,
a arquitetarem com maestria para nós o dano.
Minha lança do bem...?!
Quebrou-se..!
Devo tê-la partido
quando a enrosquei em algum desses improváveis moinhos de vento...
Ou quem sabe..? Rompeu-se
com a fúria das rudes procelas...
Por isso, meu
filho... ficarei aqui, sentado, a te contemplar...
Com mil demônios no
meu peito a se confrontarem...
Ficarei mesmo que
descrente... Crendo...!
Que um dia, ao riso
pueril de uma criança,
Toda maldade humana, enfim, sucumbirá...
Ao mesmo tempo
pressentindo e temendo,
A imensa frustração que esta crença me trará...
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