PREFÁCIO

 

A minha melhor poesia é aquela que nunca escrevi

e que talvez nunca escreverei...

Morrerá improfícua...

Como uma lágrima seca... dentro de mim.


                                                                De Hyppólito

 

sábado, 29 de julho de 2017





Fé Descrente


Sentado à mesa, observo meu filho no tapete a brincar,
Deixo-me um pouco... e a ele volto minha atenção.
Há nas mãozinhas dele, dois bonecos...
Um é o bom... Outro é o mau...

Na sua concepção infantil, não existe o meio-termo,
Um representa o “Bem”, que há de sempre triunfar...
Outro representa o “Mal”, que sempre perderá...
Ele sempre me convida, para da brincadeira participar...
Sempre digo que não posso... Que tenho outros afazeres...
Mentira torpe e deslavada...!

A verdade é que não acredito mais em heróis que fazem o bem triunfar...
Acredito mais nos vilões que armam ciladas... emboscadas...
Nos “Dragões do Mal” que sempre destroem com seu fogo, nossos castelos...
Na eficiência dos estrategistas hediondos,
 a arquitetarem com maestria para nós o dano.

Minha lança do bem...?! Quebrou-se..!
Devo tê-la partido quando a enrosquei em algum desses improváveis moinhos de vento...
Ou quem sabe..? Rompeu-se com a fúria das rudes procelas...

Por isso, meu filho... ficarei aqui, sentado, a te contemplar...
Com mil demônios no meu peito a se confrontarem...
Ficarei mesmo que descrente... Crendo...!
Que um dia, ao riso pueril de uma criança,
 Toda maldade humana, enfim, sucumbirá...
Ao mesmo tempo pressentindo e temendo,
A imensa frustração que esta crença me trará...


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