PREFÁCIO

 

A minha melhor poesia é aquela que nunca escrevi

e que talvez nunca escreverei...

Morrerá improfícua...

Como uma lágrima seca... dentro de mim.


                                                                De Hyppólito

 

segunda-feira, 10 de outubro de 2022



Cegonha Triste


“Meu coração, como um cristal, se quebre,

O termômetro negue minha febre,

Torne-se gelo o sangue que me abrasa,

E eu me converta na cegonha triste

Que das ruínas duma casa assiste

Ao desmoronamento de outra casa!”

Augusto dos Anjos

 


Quanto sentimento, quanto amor,

Represei no lago escuro de meu peito.

Quantas palavras calei,

Pelo simples medo de proferi-las...

 

Quantos amigos perdi,

Por não ter tempo para eles,

Por não os aceitar como eram,

Por não tentar ao menos por um momento,

Compreende-los...

 

Quantos caminhos para mim se abriram,

E eu com medo do desconhecido...

Não os percorri...

 

Preferindo ficar aqui de rastros...

Carregando dentro de mim

A abjeta mediocridade de meu ego.

 

Meus passos travaram...

E na estrada enlameada de minha vida

Atolei...!

Afundado em minha própria insignificância...

 

Tornei-me a “Cegonha Triste” ...

Que debruçada sobre si mesma,

Contemplou deplorável e silente...

O desmoronamento do seu próprio ser...

   

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