Cegonha Triste
“Meu coração, como um cristal, se quebre,
O termômetro negue minha febre,
Torne-se gelo o sangue que me abrasa,
E eu me converta na cegonha triste
Que das ruínas duma casa assiste
Ao desmoronamento de outra casa!”
Augusto dos Anjos
Quanto sentimento, quanto
amor,
Represei no lago
escuro de meu peito.
Quantas palavras calei,
Pelo simples medo de
proferi-las...
Quantos amigos perdi,
Por não ter tempo
para eles,
Por não os aceitar
como eram,
Por não tentar ao
menos por um momento,
Compreende-los...
Quantos caminhos para
mim se abriram,
E eu com medo do
desconhecido...
Não os percorri...
Preferindo ficar aqui
de rastros...
Carregando dentro de
mim
A abjeta mediocridade
de meu ego.
Meus passos travaram...
E na estrada enlameada
de minha vida
Atolei...!
Afundado em minha própria
insignificância...
Tornei-me a “Cegonha Triste”
...
Que debruçada sobre
si mesma,
Contemplou deplorável
e silente...
O desmoronamento do seu
próprio ser...
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